As Tubotecas, projeto da Fundação Cultural de Curitiba, celebra dez anos em 2023, incentivando a leitura no transporte coletivo da cidade.
Atualmente, presente em dez estações-tubo, as Tubotecas disponibilizam semanalmente mais de dois mil livros.
Diariamente, as prateleiras do projeto são abastecidas com até 40 exemplares, em horários alternados, com o intuito de alcançar uma maior variedade de pessoas.
Para os interessados em uma obra, não é necessário realizar qualquer tipo de cadastro, basta pegar o livro e levá-lo para casa.
A devolução pode ser feita nas Tubotecas ou em qualquer unidade das 16 Casas da Leitura, bibliotecas municipais nos bairros.
A iniciativa nasceu da colaboração entre três instituições: Fundação Cultural de Curitiba (FCC), Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc) e Urbanização de Curitiba (Urbs).
Maria Lúcia de Faria, responsável pelas Tubotecas, destaca que o objetivo principal é estimular a leitura em espaços públicos.
“As Tubotecas são um meio de democratizar o acesso à leitura, uma forma de fazer com que o livro circule, gerando um movimento cultural.”, diz Maria Lúcia.
Eva Dubinski, cobradora da estação-tubo Central, em frente aos Correios, sempre pega na prateleira das Tubotecas um livro para sua filha de 8 anos.
“Mesmo poucas horas após a reposição dos livros, as estantes já estão totalmente vazias. Então, quando chegam, eu procuro logo um (livro) pra levar pra minha filha.”, diz.
A aposentada Terezinha Aparecida Gonçalves dos Santos, de 74 anos, saiu de casa cedo com o único propósito de devolver o livro que havia retirado da Tuboteca da Estação Central, semana passada, e também escolher um novo título para levar para casa.
Dos empréstimos que faz há dois anos nas Tubotecas, seus livros favoritos são O Feijão e o Sonho (Orígenes Lessa) e Meu Pé de Laranja Lima (José Mauro de Vasconcelos).
Para ela, visitar as Tubotecas é uma oportunidade de troca. “Hoje, vim especificamente para devolver o livro e ver se encontrava algo interessante para levar para casa.”, disse ela, enquanto segurava o exemplar de O Guarani, de José de Alencar.
A empregada doméstica Claudia Mara da Fonseca escolheu o livro O Tempo e o Vento, de Erico Veríssimo. “Isso aqui é um presente para nós, enriquece nosso conhecimento, agrega valor à nossa vida. Também incentivo meus filhos a fazerem o mesmo porque aqui sempre tem coisas boas disponíveis.”, disse Claudia.
Via de mão dupla
As Tubotecas de Curitiba são abastecidas por doações de cidadãos, empresas e instituições parceiras. Entre os grandes doadores estão a Universidade Federal do Paraná, a Universidade Tuiuti, o Centro Interamericano e o Colégio Positivo.
Os livros que não se enquadram nos critérios do projeto são destinados a outros espaços de interesse, como bibliotecas comunitárias, ONGs, associações de moradores, escolas, hospitais e penitenciárias.
Antes de chegar às estações-tubo em boas condições, os livros passam por algumas etapas. A Coordenação de Literatura da Fundação Cultural controla o conteúdo dos acervos, recebendo, selecionando, catalogando, e, somente após esse processo, coloca os livros à disposição para os leitores.
Nesse trabalho, há também a higienização para remover poeira e sujeira com álcool e sabão, descaracterização para eliminar marcas de outros espaços pelos quais o livro passou, e, se necessário, reparos em caso de páginas soltas.
Tubotecas em funcionamento
Estações Praça Rui Barbosa: quatro unidades (linhas Pinheirinho/Rui Barbosa, Pinhais/Rui Barbosa, Centenário/Campo Comprido e Campo Comprido/Centenário)
Estação Central: duas unidades (Rua Presidente Faria, em frente ao Correio, e linha Santa Cândida/Capão Raso)
Estação Praça Carlos Gomes: uma unidade (linha Ligeirão Boqueirão)
Estação Carlos Gomes: uma unidade (Rua Lourenço Pinto, em frente ao hospital Paciornik)
Estação Marechal: duas unidades (Linha Verde).