Muitos não reavaliam se estão felizes em seus relacionamentos ou se têm ou não futuro ao lado do parceiro, e, aí, entra também, os amigos e familiares.
Os Seres humanos são animais sociais. Isso quer dizer que dependemos, desde o nascimento, de uma outra pessoa.
Só somos quem somos hoje devido a todos os que passaram em nossa vida, e também a nossos ídolos e figuras, que mesmo já tendo morrido, tiveram grande influência em nossa constituição.
Dito isso, parece bastante óbvio como são importantes os laços que fazemos com outros. Entretanto, ter relacionamentos não necessariamente significa que sejam bons relacionamentos.
A ideia – o objetivo, eu diria – é que eles tenham qualidade.
Já existem, inclusive, muitas evidências que apontam que relacionamentos que não são saudáveis podem impactar negativamente a saúde, enfraquecendo até o sistema de defesa do corpo, além de poder alterar o padrão e a qualidade do sono e aumentar os níveis do chamado hormônio do estresse.
Em 2018, estudiosos constataram que as nossas amizades estão diretamente associadas com a nossa satisfação em relação à vida, e, consequentemente, à nossa saúde mental.
Mas o que eles descobriram é que não são quaisquer amizades, mas aquelas de qualidade.
Como se cultiva um relacionamento de qualidade?
1. Manter uma boa relação dá trabalho. Não basta você ter afinidades com alguém ou recebê-lo em casa, telefonar para ele.
Você deve estar preparado para ouvi-lo, cuidar dele, oferecer apoio quando ele precisa. Relacionar-se bem significa poder sustentar o lado bom e o lado ruim do outro. Isso leva tempo para ser construído e dá trabalho.
2. É preciso aceitar que todos temos diferenças e que, sim, a outra pessoa eventualmente terá opiniões totalmente contrárias às suas. E tudo bem. Ao escutá-la e aceitá-la, você poderá aprender alguma coisa, ampliar o seu ponto de vista a respeito de algum tema.
3. Confidencialidade. Se a ideia é dar profundidade e melhorar os atributos das suas relações, é preciso colocar a confidencialidade na balança. Porque faz parte desse “arranjo” que as pessoas se sintam confortáveis para se abrir, para confessar fatos, para contar sobre as suas intimidades. Sem a certeza de que o que foi narrado ficará entre vocês, aquele relacionamento não passa de coleguismo.
4. Honestidade é a base de qualquer relação saudável. Isso não significa apenas não mentir, mas comunicar de forma aberta os seus limites, as suas expectativas, as suas necessidades. Assim, a relação vai ser construída em bases transparentes e haverá muito menos chance de ela “azedar” no meio do caminho.
Por Dr. Arthur Guerra é professor da Faculdade de Medicina da USP.
