A “Síndrome de Hulk” é conhecida como Transtorno Explosivo Intermitente (TEI) e é caracterizada por deixar a pessoa mais impulsiva e agressiva de maneira desproporcional.
O seu nome faz uma referência ao personagem de “O Incrível Hulk”, em que o cientista David Bruce Banner se transformava em uma criatura verde quando estava irritado e nervoso.
Até voltar ao normal, ele usava a sua força para destruir tudo o que via pela frente em grandes ataques de fúria e, já na condição humana, não se lembrava praticamente de nada.
Qualquer semelhança não é mera coincidência!
Por mais que seja normal sentir raiva em alguns momentos, caso as explosões de raiva sejam um comportamento recorrente é recomendado analisar as suas causas para realizar o diagnóstico correto.
Nem todo mundo conhece os sintomas e as possibilidades de tratamento para a “Síndrome de Hulk”, por isso, se quiser saber mais, continue a leitura deste artigo para conferir todas as informações.
O que é a “Síndrome de Hulk”?
A “Síndrome de Hulk”, ou TEI, possui como característica a explosão momentânea sem que exista um motivo real para isso.
A pessoa sente raiva de maneira desproporcional e perde o controle dos seus impulsos, se tornando muito agressiva de forma verbal ou até mesmo física.
Isso não significa que todo mundo que tem ataques de fúria sofre com Transtorno Explosivo Intermitente. O diagnóstico é realizado por um médico psiquiatra, que irá analisar o histórico pessoal do indivíduo, além de relatos de amigos e familiares.
Normalmente, o transtorno é confirmado quando há a repetição do comportamento agressivo.
Trata-se de uma situação recorrente, ou seja, explosões de raiva pontuais não são consideradas “Síndrome de Hulk”.
Quais são os principais sintomas?
É sempre fundamental ter em mente que a raiva é uma emoção completamente normal, contanto que a pessoa tenha consciência e controle sobre ela.
O problema é quando o ataque de fúria é desproporcional e coloca em risco o bem-estar próprio e de outras pessoas.
Os principais sintomas da “Síndrome de Hulk” são:
- Ausência de controle sobre a agressividade;
- Suor;
- Formigamento;
- Batimentos cardíacos acelerados;
- Tremores musculares;
- Ameaças verbais;
- Agressividade física a outra pessoa ou objetos;
- Sentimentos de culpa e vergonha após as explosões de raiva.
As pessoas diagnosticadas com TEI possuem menor controle sobre a raiva e a fúria, pois perdem muito rápido as noções dos limites.
Portanto, é necessário reforçar que quem sofre com o transtorno não planeja os seus ataques explosivos, pois acontecem de repente.
Além disso, coisas banais do dia a dia podem desencadear o ataque de fúria, por exemplo: uma pessoa com TEI que precisa muito usar um computador e não consegue porque ele quebrou pode atirá-lo no chão e começar a ter uma crise de raiva muito grande sem nem pensar nas consequências do que está fazendo ao espatifar o aparelho.
Antes de oficializar o diagnóstico, é muito importante ter certeza de que os sintomas não são consequência de outras condições psiquiátricas, como transtornos de personalidade e bipolaridade.
Dois critérios costumam ser analisados: frequência e intensidade. As crises “leves” são caracterizadas por xingamentos, ameaças e agressões físicas sem lesão corporal. A frequência tende a ser de duas a três vezes por semana por, pelo menos, três meses.
Já nos casos mais “severos”, as explosões costumam englobar agressões físicas com lesão corporal e até mesmo crimes contra o patrimônio. Nesse caso, para diagnosticar como TEI, devem ocorrer pelo menos três episódios em um ano.
Quais são as causas da “Síndrome de Hulk”?
Apesar dos estudos, não se sabe qual é a causa exata da “Síndrome de Hulk”, podendo ser um conjunto de diversos fatores, entre eles:
- Pessoas com familiares com comportamento impulsivo e agressivo;;
- Histórico de abuso sexual e/ou físico durante a infância;
- Exposição a situações que geraram traumas, como acidentes;
- Predisposição genética;
- Baixa produção de serotonina, o neurotransmissor ligado à sensação de bem-estar, o que torna a pessoa mais irritadiça.
Não existe um exame específico para identifica o TEI e o diagnóstico é clínico. O transtorno pode ser identificado a partir dos 6 anos de idade e a tendência é que os sintomas fiquem mais fortes por volta dos 18.
Como tratar a “Síndrome de Hulk”?
O tratamento pode variar conforme o paciente, por isso, nunca se automedique. Entre as diversas estratégias que podem comportar o tratamento da “Síndrome de Hulk”, as mais comuns são:
Psicoterapia
Assim que o problema for detectado, é recomendado buscar o auxílio de um psicólogo para ajudar a pessoa que sofre com o transtorno a trabalhar as suas questões.
A terapia cognitivo comportamental é muito interessante para esse tipo de caso, pois o paciente aprende a controlar a raiva e identificar gatilhos que geram um comportamento agressivo no dia a dia.
O processo da psicoterapia ajuda o paciente a entender e encarar o problema. Ao longo das sessões, além de aprofundar no autoconhecimento, podem ser ensinadas técnicas de relaxamento e habilidades de enfrentamento.
Medicação
Pode ser necessário o acompanhamento médico de um psiquiatra, profissional que irá avaliar se é preciso aliar a psicoterapia ao uso de medicamentos que ajudam no controle das emoções e reduzem a agressividade.
Meditação
A meditação é uma prática milenar de regulação do corpo e da mente, que tem como objetivo ajudar a pessoa a focar a sua atenção. Entre seus benefícios, podemos citar uma maior concentração, maior sensação de tranquilidade e redução do estresse e ansiedade.
É indicada para qualquer indivíduo, mas aqueles que sofrem com a “Síndrome de Hulk” com certeza irão sentir os efeitos e se beneficiar da prática recorrente. Por isso, muitos psiquiatras e psicólogos costumam recomendar.
Exercícios físicos
Estudos apontam que a prática regular de exercícios físicos também é muito indicada, pois regula as funções neurofisiológicas, ocasionando o aumento do cortisol e endorfinas, o que contribui positivamente para quadros de raiva, ansiedade e depressão.
Assim, caso o paciente com TEI seja sedentário, pode ser recomendado incluir exercícios em sua rotina também.
Quais são as consequências do transtorno?
Algumas pesquisas apontam que por volta de 3% da população possui a “Síndrome de Hulk”, o que no Brasil seria por volta de 6,2 milhões de pessoas em uma proporção de três homens para cada mulher.
Como todo transtorno mental, se não for diagnosticado corretamente e tratado, pode gerar consequências negativas na vida da pessoa.
Os impactos podem ocorrer tanto na esfera pessoal como profissional, ocasionando, em casos mais graves, a perda de emprego, divórcio, acidentes, ferimentos e a dificuldade constante para fortalecer os relacionamentos.
Além disso, quando há o consumo de álcool é comum que a explosão de fúria seja mais grave, o que não anula o comportamento quando não há a ingestão de tais bebidas.
Não há cura, mas é possível tratar
Até então não se fala sobre uma cura para o Transtorno Explosivo Intermitente, mas é possível tratá-lo para ter mais qualidade de vida e não sofrer os prejuízos.
Por isso, caso identifique os sintomas em você ou em alguém próximo, não deixe de procurar ajuda psicológica e psiquiátrica o quanto antes.