Uma das propostas de “Vai na Fé!, da Globo, produção estrelada por Sheron Menezzes como a protagonista evangélica Sol, é levantar uma reflexão sobre o poder da fé.
Para a autora Rosane Svartman, a trama é resultado de estudo comportamento dos espectadores: “Podemos afirmar que 99% dos brasileiros têm fé e 90% têm religião. No caso da Sol, uma mulher vinda de uma família multigeracional construída pela fé, não seria estranho que ela fosse cristã/evangélica.”
Apesar de não definir a religiosidade como pilar da trama, a escritora considera um dado importante por ser um tema relevante para os brasileiros. E como é!
A fé move e impulsiona muitas pessoas, e ainda serve de ‘refúgio’ para várias delas, como é também para o ator Gabriel Contente, o Otávio da mesma trama: “Fé é o que nos faz continuar apesar das adversidades da vida.”
Exatamente isso: muito além da crença, estudos apontam (e a ciência atesta) que ter fé ajuda a encontrar força, conforto e até cura para as dores do corpo e da alma.
Não à toa, os resultados de pesquisas a respeito, que vão da diminuição da depressão a algo tão inexplicável que acaba classificado como milagre, fazem com que a eficácia da crença em algum poder superior seja aceita cada dia com mais facilidade e maior repercussão na dramaturgia.
Reconhecimento da Ciência
Sabemos como a fé cristã influencia, molda e guia nossa vida. E, agora, a ciência também reconhece seus benefícios.
Para a Organização Mundial de Saúde (OMS), a fé tem impactos positivos na saúde física e emocional das pessoas, ou seja, crer em algo maior pode diminuir os riscos de doenças, como insuficiência renal, acidente vascular cerebral e depressão.
Tem mais: cientistas se debruçam em estudos na tentativa de entender melhor a relação entre a fé e a superação de doenças.
Constantemente alvo de controvérsias, a influência da espiritualidade no processo de tratamento de pacientes já é admitida até mesmo por médicos que sempre adotaram uma postura cética em relação ao assunto.
Estudo da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo (USP), em Ribeirão Preto, mostrou que a religiosidade ainda fortalece pacientes que lutam contra o câncer.
Nos Estados Unidos, uma pesquisa da Universidade de Duke, na Carolina do Norte, comprovou que pacientes que se valem de práticas religiosas apresentam 40% menos chances de sofrerem depressão durante o tratamento de doenças em em geral.
Ao que tudo indica, a fé, de fato, representa um reforço para o sistema imunológico.
O poder da fé na psicologia
Durante muito tempo, ciência e fé caminharam de lados opostos. Mas, como já mencionado anteriormente, estudos recentes, principalmente na psicologia, têm provado que a fé é extremamente benéfica às pessoas.
David DeSteno, autor do livro Como Deus Funciona: A Ciência por Trás dos Benefícios da Religião, realizou uma série de experimentos para comprovar que os pilares da fé cristã podem ajudar as pessoas a ser melhores.
Um desses experimentos foi em relação aos momentos de oração/meditação.
Depois de apenas três semanas com um momento diário de recolhimento, solitude, conexão consigo e com Deus, a maioria das pessoas participantes do estudo não demonstrou desejo de vingança, por exemplo.
O psiquiatra Harold Koenig, do Centro de Estudos da Religião, Espiritualidade e Saúde da Universidade de Duke, aponta que aqueles que se valem da fé, independentemente da religião seguida, enfrentam os fatores físicos e emocionais de qualquer doença com mais sabedoria.
“A fé é um fenômeno que libera defesas naturais do organismo, prepara o corpo e a alma para lidarmos melhor com a dor e os percalços do tratamento. Seja qual for a forma de manifestação dessa confiança absoluta, ela impede a pessoa de se entregar ao problema, motivando a busca da cura.”
Confiança, crença e credibilidade
O que é a fé: é uma palavra que significa confiança, crença, credibilidade. A fé é um sentimento de total crença em algo ou alguém, ainda que não haja nenhum tipo de evidência que comprove a veracidade da proposição em causa.
Ter fé implica uma atitude contrária à dúvida e está intimamente ligada à confiança. Em algumas situações, como problemas emocionais ou físicos, ter fé significa ter esperança de que algo vai mudar de forma positiva, para melhor.
A palavra fé tem origem no grego “pistia”, que indica a noção de acreditar e no latim “fides”, que remete para uma atitude de fidelidade.
Não importa a crença
Atualmente, médicos também atestam que muitas pessoas que conseguem vencer doenças graves, como o câncer, encontraram na religiosidade uma grande aliada. E não importa a crença.
O fundamental é que a pessoa se se fortaleça em algo que a coloque em posição superior para lutar pela vida. A força interior pode ajudar a promover a resistência do organismo com relação ao tratamento.
Para o pneumologista Blancard Torres, do Departamento de Medicina Clínica da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), a fé e o positivismo dos médicos também contribuem para fortalecer o paciente.
“Se a pessoa doente se vê diante vê diante de um profissional que valoriza a força espiritual e entende que a medicina pode andar de mãos dadas com a religião, as chances de superação se multiplicam.”
Quem tem e segue uma crença, busca energia em um ser superior, fica menos vulnerável a sensações ruins e mais forte para ajudar e ser ajudado.”
Mas atenção: a importância do credo e da fé é mesmo relevante, porém a crença numa força superior jamais deve substituir o tratamento medicinal, e sim servir de sustentação e proteção.