As artes visuais contribuem com as habilidades sociais, foco, redução da ansiedade e da pressão arterial, capacidade motora, bem-estar e criatividade.
Comprovadamente, as intervenções de arte geram benefícios para a saúde física e mental. Estudo divulgado em 2019 – considerado o mais completo sobre o assunto – pelo Escritório Regional para a Europa da Organização Mundial da Saúde (OMS) analisou mais de 900 publicações globais e concluiu que as atividades artísticas podem ajudar na concentração, na memória, no controle da ansiedade, na capacidade motora, no desenvolvimento cognitivo, no bem-estar e até mesmo na redução da pressão arterial e da dor decorrente de tratamentos.
Entre as artes observadas pela pesquisa, as visuais representam uma forma de expressão que, segundo o coordenador da Casa dos Quadrinhos, Régis Luiz, estimula o potencial criativo, o desenvolvimento emocional e as habilidades sociais.
Pietro Menezes Quadros, de 20 anos, tem transtorno do espectro autista e seu primeiro contato com as artes foi na Casa dos Quadrinhos.
“Pietro faz o curso técnico e é notória sua evolução. Ele se sente seguro e confortável em socializar com os colegas e professores.”, afirma Régis Luiz, que também é ilustrador.
As artes visuais trouxeram ganhos para Elisa Cabral Barros, de 8 anos, que tem a mesma condição de Pietro (TEA), e, recentemente, lançou sua primeira HQ, “Míria”, no estande da escola, no FIQ BH.
“Elisa cursa arte para crianças e desenvolveu um alto grau de concentração devido às práticas lúdicas e aos exercícios direcionados.”, comenta Régis Luiz.
Segundo o coordenador da Casa dos Quadrinhos, em Belo Horizonte, mesmo quem acredita não levar “jeito” para o desenho, ou nunca se aventurou a esboçar um boneco de palito, é capaz de aprender e se descobrir um artista.
“O curso de desenho artístico, por exemplo, com duração de um ano letivo, é voltado para todos com idade superior a 12 anos. Concluído o primeiro módulo, o aluno tem sua percepção e habilidades motoras mais desenvolvidas.”, declara Régis.
Considerada a base para quem deseja se embrenhar profissionalmente pelo mundo das artes visuais e digitais, a disciplina desenho artístico oferece benefícios para além do aprendizado técnico.
“A prática exercita o hemisfério direito do cérebro, que está relacionado a intuições e interpretações. O desenho como linguagem contribui para que o aprendiz possa se expressar e interpretar o mundo de uma outra forma, além de colaborar para a autoestima, à medida que percebe sua evolução.”
“Interessante notar que o curso estimula o relacionamento interpessoal entre aqueles que têm o mesmo interesse, o que gera identificação, dando início a novas amizades ou rede de contatos profissionais.”, destaca.
O curso regular tem duração de um ano letivo, com turmas de segunda a quinta e aos sábados. Os interessados desenvolvem habilidades artísticas de estímulos, busca de referências, desenho de observação e práticas em casa e em sala de aula, tais como percepção visual, proporções, formas, texturas, volumes, sombras, brilhos.
“Os alunos são estimulados a trabalhar a interpretação do olhar e traduzi-la para o desenho por meio das suas referências, sejam elas imagéticas, sejam objetos, pessoas ou cenários.”, diz Régis Luiz.
Os participantes estudam a figura humana, anatomia, construção do esqueleto e da estruturação, perspectiva para o desenvolvimento de objetos e cenários, diferenciação de materiais (madeira, tecidos, metal) etc.
Os materiais utilizados incluem objetos de observação, modelos de gesso, objetos de natureza-morta, lápis de cor, papéis, tintas e canetas nanquim, lápis sangria e réguas. “A escola dispõe ainda de uma biblioteca para consulta”, acrescenta o coordenador.
Ao final do curso, os alunos estarão aptos para fazer retratos e caricaturas, trabalhar com cenários, projetos autorais, como quadrinhos e animação, podendo ainda ministrar oficinas de desenho.
“É um curso livre, de desenvolvimento pessoal e do olhar artístico, sendo o primeiro passo para que o interessado se sinta seguro a galgar seu lugar como profissional das artes.”, afirma Régis.
Fotos: Reprodução.