Inclusão é o ato de incluir e acrescentar, ou seja, adicionar coisas ou pessoas em grupos e núcleos que antes não faziam parte.
Socialmente, a inclusão representa um ato de igualidade entre os diferentes indivíduos que habitam determinada sociedade.
“Eu não conhecia a palavra, não, mas é botar o nariz pra fora de casa que a gente sente na pele.” Regina Lídia Hiduke passou a vida na cadeira de rodas, em decorrência da doença que ela apresenta pelo nome popular “ossos de vidro” e a ciência chama de osteogênese imperfeita, que no caso dela limita os movimentos.
Regina e o marido, José Celso Furtado, cego, passavam pela Rua XV no dia 1º de dezembro, voltando de uma consulta médica, quando ele foi atraído pelo som dos floretes da apresentação de paraesgrima que faz parte da campanha para chamar a atenção para o capacitismo (discriminação e o preconceito social contra pessoas com alguma deficiência) – em alusão ao Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, celebrado em 3/12.
Ele foi falar com os atletas e ela foi se informar sobre práticas que geram preconceito e discriminação contra pessoas com deficiência, que podem vir na forma de um comentário depreciativo e outras atitudes.
A ação foi promovida pelo Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência, com apoio da Prefeitura de Curitiba, por meio da FAS (Fundação de Ação Social) e do Departamento dos Direitos da Pessoa com Deficiência.
Como ocorreu com Furtado, a apresentação dos experientes paratletas Sandro Colaço e Clodoaldo Zafatoski ajudou a movimentar a tenda instalada na rua e a distribuição de folders que trazem informações sobre como a discriminação atrapalha a inclusão e dicas para ações anticapacistas como forma de evitar preconceitos.
Educação
“É uma questão de educação.”, diz Junior Ongaro, presidente do Conselho. “Muitas vezes as outras pessoas não sabem como tratar a pessoa com deficiência.”
A partir desse ponto de vista, o Conselho lançou uma campanha com apoio da Prefeitura que busca disseminar conceitos relacionados à inclusão. Ao informar a população, busca-se diminuir os casos de capacitismo.
“A gente vê quando uma pessoa está sendo maldosa e quando ela não sabe como lidar com a situação.”, diz Sandro Colaço, 48 anos, que perdeu mobilidade do joelho para baixo em um acidente quando tinha 25 anos.
Desde então, se dedicou ao esporte. Rodou o mundo com a esgrima. Participou da Paralimpíada do Rio de Janeiro, de cinco Copas do Mundo da modalidade (Polônia, Alemanha, França, Hong Kong e Dubai) e dois mundiais (Itália e Hungria).
Foi cinco vezes campeão brasileiro da modalidade e fez parte da Seleção Brasileira de 2011 a 2017.
Bicampeão brasileiro (2010/11), Clodoaldo foi parceiro não só na apresentação da XV; os dois treinam juntos.
Clodoaldo tem mobilidade reduzida em decorrência de uma doença genética. Em 2017 disputou o Mundial do Canadá.
Além da apresentação, os dois passaram boa parte do tempo respondendo às dúvidas sobre a modalidade de quem passava pelo local, como José Celso.
Na pele
Pessoas com deficiência, ele e a esposa, Regina, são autônomos. Circulam de táxi ou ônibus e quando estão nas calçadas ele empurra a cadeira e ela orienta a direção.
Com hábitos de quem não se rende às dificuldades, Regina dá exemplos de capacistismo na prática, que já enfrentou no dia a dia.
Ela conta que já ouviu reclamação ao pedir licença para atravessar a rua na faixa e que pessoas que estavam no espaço do elevador para cadeirante numa estação-tubo do transporte coletivo resistiram a sair do lugar para ela usar o equipamento.
“A questão [capacitismo] precisa ser trabalhada. A sociedade precisa conhecer mais sobre o assunto e perder o preconceito.”, resume o esgrimista Sandro, com a experiência de quem já rodou meio mundo com sua cadeira de rodas.