O ano de 2022 presenciou um aumento nas buscas por temas como saúde e bem-estar. Dois anos após o início da pandemia de Covid-19, a indústria da arquitetura está mais informada sobre práticas de construção saudáveis e equipada para impulsionar soluções impactantes.
O Dia Mundial da Arquitetura 2022 focou na “Arquitetura para o Bem-Estar”, em paralelo com a designação de 2022 como Ano do Design para a Saúde em edifícios e cidades pela UIA (União Internacional de Arquitetos).
À medida que um novo ano começa, o ArchDaily explora os “espaços saudáveis” como uma tendência, juntamente com ideias que persistirão no futuro.
Passamos cerca de 90% do nosso tempo dentro dos espaços. Em 2022, o torpor do lockdown ainda impulsiona o estilo de vida da maioria das pessoas.
A pandemia serviu como um ponto de virada na compreensão da indústria da arquitetura sobre saúde e bem-estar.
Ideias e experimentações ao longo dos dois anos seguintes permitiram que os arquitetos implementassem melhor a ciência do bem-estar por meio de estratégias de projeto.
Com o aumento da consciência do impacto que os ambientes construídos têm sobre nós, há um interesse crescente em compreender os efeitos universais dos edifícios na saúde corporal.
A Organização Mundial de Saúde define saúde como “um estado de completo bem-estar físico, mental e social”.
Ao projetar espaços com foco em seu impacto na saúde, a arquitetura voltada para o bem-estar é capaz de oferecer edifícios que abraçam essa definição multidimensional.
O design de bem-estar pode ser um termo relativamente novo, mas o princípio empresta ideias de técnicas históricas.
As paisagens urbanas da Grécia antiga eram uma combinação harmoniosa de templos, clínicas, casas para problemas do sono e teatros de alívio cultural, espiritual e físico.
Os romanos reconheceram a importância da luz, vento, água e sua relação com as edificações para promover uma vida saudável.
No Oriente, as tradições arquitetônicas chinesas e indianas concentravam-se em práticas de bem-estar, como feng shui e vastu, respectivamente.
A Organização Mundial da Saúde pediu para tornar a saúde mental e o bem-estar para todos uma prioridade global.
Projetar para saúde e bem-estar é uma atividade que pode ser vista desde diferentes perspectivas, como fatores ambientais, intelectuais, espirituais e físicos.
Dentro do impulso maior em direção a uma arquitetura mais saudável, um conjunto de microtendências ajuda a acelerá-la:
Arquitetura Biofílica
A arquitetura sustentável visa criar edifícios mais saudáveis não apenas para o ambiente ao seu redor, mas também para seus habitantes.
O design biofílico foi estabelecido a partir do entendimento de que a mente e o corpo se desenvolvem dentro de um “mundo sensorialmente rico”.
Ele utiliza a cura da natureza para aliviar o estresse, melhorar a qualidade do ar e apoiar a função cognitiva. Fundamentalmente, o princípio enfatiza a conexão entre ambientes internos e os usuários com a natureza.
Com todas as tendências de design em curso que se consolidaram como resultado, a demanda se concentrou em materiais orgânicos que emulam ambientes externos.
Arquitetura Salutogênica
Aaron Antonovsky, professor, pesquisador e médico sociólogo, identificou o impacto do estresse como a principal causa de deterioração da saúde física.
Seu conceito de ‘salutogênese’ levanta a hipótese de por que algumas pessoas sob estresse adoecem enquanto outras permanecem saudáveis.
O modelo de projeto oferece táticas para melhorar o senso de compreensão, capacidade de gerenciamento e senso de significado do espaço.
Esses fatores demonstraram melhorar o bem-estar mental e físico dos usuários em um edifício. Embora o design salutogênico possa ser aplicado a qualquer estrutura, é mais vantajoso para instalações de saúde onde o ambiente construído influencia na recuperação do paciente e fomenta um processo de cura natural.
Projeto Luminotécnico
Por milhares de anos, os humanos só conheciam a luz do dia, o fogo e a escuridão da noite. Agora passamos cerca de 90% do nosso tempo em ambientes internos, não conseguindo o equilíbrio adequado entre dias claros e noites escuras.
Os Seres vivos estão biologicamente ligados à luz – ela é o principal estímulo para a manutenção do ritmo circadiano.
Como vivemos a maior parte de nossas vidas em ambientes fechados, somos bombardeados durante o dia e a noite com luzes intensas, interrompendo nossos ritmos circadianos naturais.
Ao otimizar os níveis de iluminação e a acessibilidade no design espacial, o equilíbrio natural pode ser promovido para beneficiar a produtividade e os ciclos de sono.
Materiais
Ambientes internos e superfícies de materiais tendem a hospedar fungos, mofo ou contaminantes do tipo molecular, como alérgenos que podem vir de roedores e animais de estimação.
Outros perigos ocultos incluem CO2 e Compostos Orgânicos Voláteis (VOCs) que se originam em materiais de construção, móveis domésticos ou produtos de limpeza.
Todos esses poluentes podem ser prejudiciais à saúde física e mental, ainda mais se forem acumulados.
A maneira mais eficaz de mitigar a propagação de poluentes internos é escolher materiais de construção modernos, não tóxicos e sustentáveis, criados propositadamente para uma construção e uso seguro em casa – promovendo, assim, a saúde física, mental e ambiental.
Para serem capazes de melhorar completamente a saúde e o bem-estar humano em ambientes fechados, os edifícios devem ser projetados com uma abordagem diferente.
Ao otimizar parâmetros como luz, materiais, ventilação e espaços verdes, a arquitetura pode apoiar a saúde mental e física de forma holística.
O futuro será de avanços na área do design da saúde e bem-estar, colocando os arquitetos na vanguarda do bem-estar coletivo.