Todo cansaço injustificado é um sinal de alerta. Ele pode ser um sintoma de enfermidades, deficiências hormonais ou distúrbios comportamentais.
Sentir fadiga pode estar relacionado a algumas doenças, inclusive a chamada síndrome pós-Covid, e é preciso investigar para tratar as causas envolvidas, principalmente se a exaustão se estende por mais de seis meses.
O esgotamento físico ou mental tem consequências diárias, afetando atividades profissionais e as relações sociais e amorosas.
Acompanhe o que a recorrente falta de energia ajuda a explicar:
Hipotireoidismo
O hipotireoidismo —condição na qual a glândula tireoide não produz a quantidade suficiente de hormônio— é uma das doenças que deve ser pesquisada quando há fadiga.
Segundo André Ramos, médico reumatologista da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, a disfunção tem entre os sintomas o desânimo, a falta de energia e a indisposição para a realização das atividades rotineiras.
A pessoa fica mais lenta, porém com o tratamento adequado e a reposição hormonal, as queixas acabam.
Síndrome da fadiga crônica
A síndrome da fadiga crônica —ou encefalomielite miálgica— é quando a sensação de apatia que se prolonga há mais de seis meses com outros sintomas associados, como:
– Febre baixa
– Dor de garganta
– Dor nos linfonodos – gânglios linfáticos
– Cefaleia
– Insônia
– Dores musculares
Não existe um exame único para relacionar o cansaço a uma disfunção, o diagnóstico é clínico, e, muitas vezes, de exclusão, de acordo com Viviane Machicado, reumatologista, presidente da Sociedade Baiana de Reumatologia.
Entre as causas estão:
– Anemia
– Depressão e outros sintomas mentais
– Disfunções da tireoide
– Distúrbios metabólicos
– Infecções agudas
– Doenças inflamatórias
– Fibromialgia
– Síndromes autoimunes
“É preciso investigar o que está por trás da exaustão. Com o diagnóstico precoce, é possível intervir e tratar.”, afirma Machicado.
Síndrome da Covid crônica
O Covid, que é uma doença infecciosa aguda, tem o cansaço como um dos sintomas durante a sua manifestação, nos quadros leves.
Porém, se o cansaço se prolonga por mais tempo, deve-se buscar acompanhamento médico para o tratamento da fadiga pós-covid.
Nessas situações, é possível sentir também:
– Dores de cabeça, articulares e musculares
– Problemas de memória
De acordo com a presidente da Sociedade Baiana de Reumatologia, muitos estudos a respeito da síndrome da Covid crônica estão em andamento.
Infecções virais ou bacterianas
Em casos de infecções virais ou bacterianas é comum sentir desânimo e cansaço, como se o organismo estivesse poupando energia para combater a doença.
O tratamento nessas situações inclui repouso e a cessação do fator desencadeante. Passando a doença, em geral, deixa-se de sentir a estafa.
Contudo é preciso atenção para que os processos inflamatórios não se tornem perpetuadores do cansaço, aumentando o risco de se tornar crônico, alerta o reumatologista da BP.
Estilo de vida
Sentir-se sempre cansado nem sempre é um sinal de condição grave de saúde e pode ser reflexo de um estilo de vida ruim.
A qualidade do sono é capaz de levar a episódios de ausência de energia e de vigor, devido ao excesso de telas — celular, computador, TV — que afeta o repouso à noite, por exemplo.
A má alimentação deve ser revista, pois faz com que o organismo perca a habilidade de se recompor, nas palavras de Carolina Ferrer, ortopedista e médica do esporte do Vita Ortopedia, do Grupo Fleury.
O sedentarismo e o pouco condicionamento físico são outros pontos que merecem atenção, pois resultam em cansaço constante e baixa disposição.
“É importante reavaliar esses fatores para reduzir o risco de desenvolver doenças crônicas, como diabetes e hipertensão arterial, condições que podem causar, também, fadiga.”
Estresse e irritabilidade
O estresse do dia a dia e o acúmulo de funções, tanto no trabalho como em casa, vão, ao longo do tempo, comprometendo o equilíbrio emocional, desencadeando irritabilidade e problemas de concentração e memória, por exemplo.
“Assim, o cansaço que era inicialmente mental se transforma em físico.”, fala Ferrer.
Esforço momentâneo
Muitas vezes, a fadiga é decorrente de um esforço físico não habitual, como uma atividade física com a qual o organismo não está acostumado, deixando-o cansado.
Nesses casos, segundo o reumatologista da BP, após um período de descanso e relaxamento, essa sensação passa.
É fundamental não confundir com falta de ar ou fraqueza muscular. É importante diferenciar fadiga, fraqueza muscular — quando não há força e a musculatura não responde— e dispneia —falta de ar resultante de condições cardíacas e/ou pulmonares.
Não é rara a confusão entre elas, segundo a reumatologista.
Atividade física sempre
O exercício físico está no topo das medidas que ajudam a melhorar a fraqueza. A prática regular favorece o condicionamento físico e a liberação de hormônios e neurotransmissores, como a adrenalina e a serotonina, que ampliam o bem-estar e a disposição.
“Assim, um ciclo virtuoso se estabelece em que existem vontade e prazer para a realização da atividade física, ao mesmo tempo que prepara as pessoas para o enfrentamento das tarefas cotidianas.”, explica Ramos.
A reumatologista indica também a terapia cognitiva comportamental, uma das modalidades com mais evidência da melhoria da condição crônica, e, em alguns casos, a fisioterapia.