Cada indivíduo deve assumir sua responsabilidade pelo cuidado de sua saúde mental. Apesar disso, quando se trata do ambiente corporativo, antes mesmo de procurar ajuda especializada de um psicólogo ou psiquiatra, não é raro um colaborador procurar seu líder direto para desabafar sobre conflitos emocionais ou problemas familiares.
Mas o que acontece quando esse gestor não está preparado para oferecer um acolhimento adequado?
Diversos fatores podem levar um profissional a tirar o pé do acelerador no dia a dia do trabalho: desconhecimento de sintomas de sofrimento emocional, falta de autopercepção, medo de julgamento, ou questões organizacionais que permeiam a relação do indivíduo com o trabalho.
Em grande parte das vezes, isso não ocorre por má vontade, mas sim por esgotamento físico e/ou emocional que não foi devidamente cuidado.
Em casos assim, é comum que as pessoas acabem sofrendo sozinhas, enquanto o problema se agrava, há interferência no desempenho e relacionamento com a equipe e, consequentemente, a qualidade dos resultados do negócio fica comprometida.
Uma parcela desse grupo acaba sendo demitida antes mesmo do real problema de saúde ser diagnosticado.
Defendo que este é um tema que deve ser um compromisso compartilhado por todos nós, considerando a responsabilidade do indivíduo, familiares, lideranças, organizações e sociedade.
Dentro da organização, para que isso seja possível, é necessário antes que este tema seja uma pauta da presidência da empresa, visto que o ser humano é a base para qualquer negócio.
Outro passo importante é preparar os gestores para os desafios contemporâneos que afetam o bem-estar integral no ambiente de trabalho, para estarem mais próximos dos membros da própria equipe, conhecer as particularidades de cada um e identificar quando algo não vai bem com relação à saúde emocional dos colaboradores.
Porém, não com a atribuição de tratar, mas sim de, com apoio, treinamento e orientação adequada, prontamente encaminhar a pessoa que está sofrendo para a ajuda especializada.
Assim como a Síndrome de Burnout, cada vez mais presente no dia a dia das companhias, a saúde mental da equipe se tornou prioridade em empresas que desejam manter a produtividade e competitividade do negócio.
É, sem dúvida, um tema que precisa ser abordado nas reuniões estratégicas dos líderes, nas ações da área de Recursos Humanos, na pesquisa de clima organizacional e, inclusive, nos exames médicos periódicos.
Isso tudo com o propósito de conscientizar sobre a importância da saúde mental e buscar sustentabilidade também nesse aspecto.
Nessa jornada de promover bem-estar emocional no ambiente organizacional, torna-se essencial preparar e articular uma rede de apoio entre profissionais de Recursos Humanos, líderes e colaboradores.
Essa dinâmica, porém, só será eficiente se alguém, de preferência um parceiro externo, se mantiver atento para ouvir e estruturar fluxos e orientações em conjunto com o RH e demais setores.
Afinal, em qualquer esfera da vida, quem cuida também precisa de cuidados. Inclusive, costumamos dizer que a primeira regra do cuidado é cuidar de si mesmo, semelhante ao conceito de colocar a máscara de oxigênio primeiro em si mesmo antes de iniciar socorro a outros ocupantes do avião.
Independentemente do nível hierárquico, a saúde mental no trabalho é uma responsabilidade, um dever e um direito de todos.
É uma ação desafiadora que demanda bom senso, empatia, informação, detecção precoce, prontidão no atendimento e habilidade para gerir possíveis crises relacionadas ao problema.
Um dos maiores poderes do Ser humano é o manejo de pensamentos e comportamentos para ter uma vida melhor. Esta é uma habilidade que pode ser treinada e lapidada.
Sua organização pode apoiar a equipe nessa jornada, pelo bem da saúde do time, e, consequentemente, dos negócios.