As terapias orientais, com sua abordagem mais humanizada das doenças e dos males que afligem o indivíduo e suas relações com o mundo, buscam identificar os pontos que estão em desequilíbrio.
A cultura oriental é milenar e guarda em sua história práticas terapêuticas de promoção da saúde física e mental.
Acupuntura, meditação, origami e tai chi chuan estão entre as terapias orientais, e, quem as descobre, relata benefícios únicos.
Em alguns casos, a experiência se reflete em mudanças de rotina, e, até mesmo, no projeto de vida. Brasília, conhecida como destino místico, é terra fértil para a prática e disseminação do conhecimento de terapias orientais vindas do outro lado do mundo.
A psicóloga e artista plástica Ludmila Magalhães, 47 anos, encontrou na dobradura de papéis um caminho para ajudar quem procura equilíbrio emocional.
O origami acabou se tornando a sua principal fonte de renda. Ela aprendeu sozinha a fazer o tsuru, o pássaro japonês símbolo da longevidade e uma das mais tradicionais dobraduras de origami.
Depois, estudou, se aprofundou mais no tema e descobriu os benefícios que a prática pode trazer para a saúde e o bem-estar.
“Trabalhei muito tempo como psicóloga em um hospital, então chegava em casa emocionalmente carregada. Quando parava e fazia origamis para mim, ou para alguma encomenda, era o momento do dia onde eu mais relaxava e me sentia em sintonia comigo mesma”, conta a artista, que hoje trabalha exclusivamente com origami. “Depois que comecei a praticar a atividade, minha qualidade de vida melhorou 100%, principalmente a parte emocional”, completa.
A ave japonesa tsuru se tornou o nome da marca de Ludmilla não só por ser a dobradura mais tradicional do origami, mas também pelo significado que o animal representa.
“Esse pássaro é sagrado no Japão, pois os japoneses acreditam que ele viva por mil anos. Há uma lenda de que, se você dobrar mil tsurus em origami, um desejo seu pode se realizar. Eu já dobrei bem mais do que isso.”, afirma, admitindo que vários projetos se tornaram reais graças ao origami.
“A prática me permitiu ficar mais perto da minha filha, da minha mãe e também se tornou um negócio.”, enumera.
Jornalista há 33 anos e acupunturista há sete, José Marcelo Santos, 53, descobriu na medicina tradicional chinesa (MTC) uma outra atividade.
“Eu sempre gostei muito de ouvir as pessoas. Como jornalista, eu as ouço e dou um retorno em forma de texto. Como acupunturista e especialista em MTC, eu continuo ouvindo, mas o meu retorno é em forma de tratamento.”, declara José Marcelo.
Ele diz que muitas pessoas o procuram por estarem sofrendo de transtorno de ansiedade, dores na coluna, enxaqueca, entre outros problemas.
“A medicina tradicional chinesa pode ser usada para combater efeitos colaterais da quimioterapia, melhorar o sistema imunológico, tratar fibromialgia, entre outros transtornos.”, esclarece o profissional.
Além da acupuntura, também são métodos de tratamento da MTC a massagem Tuiná, a terapia com ventosas, a fitoterapia, entre outros.
A servidora pública Adriana Lima, 51, procurou José Marcelo após um mês de crises crônicas de enxaqueca. “Além de melhorar a dor, a acupuntura e a massagem Tuiná melhoraram a minha disposição e qualidade de vida.”, declarou ela.
Práticas acessíveis
O coração de Brasília abriga a Praça da Harmonia Universal, um espaço na quadra EQN 104/105 onde o mestre Joseph Moo Song Woo, 91, compartilha com a população, juntamente com facilitadores voluntários, de forma gratuita práticas corporais de Tai Chi Chuan e Chi Kung.
Em 6 de novembro, a tradição completará 48 anos. “Não adianta cuidarmos somente da saúde do corpo e não cuidarmos da saúde da mente. É preciso saber cultivar a nossa saúde para além de médicos e remédios. Saber perdoar, ser grato, manter a alegria, a paz e a esperança também são formas de cuidar da nossa saúde.”, diz o mestre Woo.
O tai chi chuan é uma prática milenar chinesa formada por movimentos suaves, amplos e harmoniosos. O chi kung é outra prática de origem na China, mas que foca na estimulação de uma maior circulação de energia pelo corpo.
“Feita regularmente, o tai chi traz equilíbrio emocional, diminuição da ansiedade, melhoria da qualidade do sono, da memória e da concentração, desenvolvimento da consciência corporal, menor risco de queda em idoso, ajuste natural das funções orgânicas.”, explica Maria Eutenir, 79, diretora de comunicação da Associação Being Tao (ABT) e praticante da modalidade por muitos anos.
A meditação é outra técnica de terapia alternativa bastante procurada pelos brasilienses. “O mundo está exausto.”, declara Régis Guimarães, 83, presidente e fundador da Sociedade Vipassana de Meditação (SVM), uma organização dedicada a prática e aos ensinamentos da meditação Vipassana, método de origem budista também conhecida como meditação da Plena Atenção ou Mindfulness.
“Meditação é um instrumento de treinamento da mente, é a base para a saúde mental.”, afirma Régis, que possui 40 anos de experiência com o método.
“Uma pesquisa da Universidade de Massachussets mostrou que 80% das pessoas com vários tipos de dores crônicas descobriram que elas eram derivadas de transtornos mentais. As pessoas chegam aqui com recomendação médica para fazer meditação.”, garante.