A busca por alimentos mais saudáveis e pela diminuição dos impactos ambientais causados pelo consumo tem se mostrado em números.
De acordo com o relatório Vida Saudável e Sustentável, realizado pelo Instituto Akatu e GlobeScan em 2020, 68% dos brasileiros pesquisaram sobre uma dieta mais sustentável.
Esse comportamento, muito impulsionado também pela pandemia do Coronavírus e preocupação com a saúde, elevou a popularidade dos alimentos feitos à base de plantas.
Atualmente, o Brasil registra mais de 30 milhões de pessoas que se identificam como vegetarianas – número duas vezes maior quando comparado ao de 2012.
O perfil alimentar daqueles conhecidos como “flexitarianos” ou “reducetarianos”, ou seja, que estão reduzindo o consumo de carnes e dando prioridade a alimentos à base de vegetais, também cresceu significativamente e hoje representa 30% da população brasileira.
Uma pesquisa do Inteligência em Pesquisa e Consultoria (Ipec), realizada em 2021, mostrou que 46% dos brasileiros já deixam de comer carne, por vontade própria, pelo menos uma vez na semana.
Os motivos são vários. “Uma dieta à base de vegetais está relacionada com riscos reduzidos de diversas doenças, como cardiovasculares, diabetes do tipo 2, hipertensão, alguns tipos de câncer e obesidade.”, explica Bruna Nascimento, nutricionista e especialista sênior em políticas alimentares no programa Alimentação Consciente Brasil.
Também existe o lado daqueles que estão preocupados com a exploração animal, pois atualmente, mais de 80 bilhões de seres sencientes, entre porcos, galinhas e bois, são explorados anualmente para a produção de carnes e laticínios.
Há, ainda, o impacto ambiental desse sistema de produção industrial, que agrava ainda mais a crise climática e a degradação de ecossistemas.
Segundo o MapBiomas, 90% das perdas de vegetação natural dos biomas brasileiros estão relacionadas à agropecuária.
Benefícios
De acordo com o Ministério da Saúde, mais da metade dos brasileiros (55,7%) está acima do peso. Uma alimentação à base de plantas pode ser a aliada para a mudança desse cenário, já que auxilia na prevenção da diabetes e na redução do sobrepeso.
“Alimentos de origem vegetal têm baixa gordura saturada, zero colesterol e são ricos em fibras. Promover uma alimentação saudável, composta por grãos, cereais, frutas e hortaliças, ajuda a minimizar graves problemas enfrentados pela população brasileira.”, afirma Bruna.
Não só a saúde se beneficia desse modelo alimentar. O setor da agropecuária corresponde a 29% do total de emissões de gases geradores de efeito estufa do país, resultante de fermentação entérica – proveniente da digestão dos animais ruminantes –, que emite metano, e manejos de solo, dejetos e fertilizantes.
Uma alimentação à base de plantas pode contribuir para menor utilização de importantes recursos, como solo e água (deixar de comer carne por um dia economiza o equivalente a 26 banhos), além de reduzir a emissão desses gases.